domingo, janeiro 22, 2012


O nosso nós

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texto antiguinho


Estive encostada na esquina da estrada que ligava meus passos aos seus. Observava, em silêncio, cada caminho que você seguia como se não me importasse.  Como se não me importasse se aquilo te machucaria, se os seus erros podiam ser irremediáveis, se um dia a força de minhas palavras fez você sangrar, captava a profundidade de seus suspiros como se, para mim, não tivesse importância se outros olhos eram donos de sua tristeza. Importava. Ainda importa. Apenas, recuso-me a acreditar que minha dor foi bem maior que a sua, recuso-me aceitar que esse sentimento vem de mim, recuso-me a contar a verdade pro mundo. 

Eu estive encostada, cansada, sentada aqui por tanto tempo esperando que você atravessasse a rua e eu simplesmente esqueci de como é andar por ai sem você. Não me recordo de não te carregar dentro de mim, não me lembro de uma dia em que seu nome não veio à minha cabeça.

A história eu sei de cor, salteado e virado de cabeça pra baixo, o sentimento sinto por completo, e a música canto não apenas o refrão, o que me falta é a coragem para te dizer tudo que você já sabe. Eu não tenho, é mais forte que eu, o silêncio é mais meu amigo do que as palavras que podem vir da sua boca. E você sempre fingiu seguir em frente, mas quando distante nunca esquecia de virar para trás e conferir se eu continuava aqui e, no encontro dos nossos olhos, nós tinhamos certeza de que o tempo nos tornou dois covardes, eu nunca corri e você nunca voltou, mas no caminho, encontramos uma curva.

Nunca nos demos bem com prisões e há tantos casos e acasos que nos prendem que, no final, acabamos por nos sentir como bandidos, sem direito a condicional, refugiados em uma casa qualquer na esquina.

Eu estou aqui, a nossa melodia está tocando, nossos olhares estão falando mais que nossas palavras, e não há milagre que transforme o que é nós em eu e você, porque no final, sempre voltamos para nossa própria casa.

1 comentários:

Anônimo disse...

Que coisa mais linda!!
Aceitar, entender seguir em frente depois do fim.
Eu sinceramente nunca sei quando acabou, pois as vezes acaba dentro de mim, mas eu não quero que acabe. Se pudéssemos voltar para aquela casa que a tanto tempo está abando nada...

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